segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

Brisa Flor ( Com Cauê Procópio)

Brisa flor
(Cauê Procópio-Bruno Kohl)


Brisa flor me abraçou de manhã

parece que o vento me quis

o mar me avisa o viés

Disfarça o que me faz feliz

Vi carapuça ali servir

retalhos, atalhos, anzóis

A falta faz chover cassis

Estrelas brincam de ser sóis, eu sei

   
É o milagre
das mil lágrimas
de amor

Bem já sei que me queres melhor
mas dou o que eu posso querer
o sonho ,vínculo,o ardor
um alvo no alvorecer

se estive em ti lembrarei
acordes acordos e dós
na sombra onde mora a lei
É Deus quem vai brindar por nós, eu sei

é o milagre
das mil lágrimas
de amor

quinta-feira, 21 de novembro de 2013

Ciranda de Couro (Com Felipe Pauluk)


Ciranda de couro
                              ( Bruno Kohl- Felipe Pauluk)

Castas, meninos alados
corriam dourados 
em meio ao sertão

brochura no canto da terra
desfez a quimera 
do meu coração

cartas cifradas
em belos pares de estrelas
caiadas no chão

som de flores e guerras
marcaram os céus de novo clarão

mandinga de toda maneira
minha eira e suas beiras

A menina que roda em fogueira
A menina que roda em fogueira
A menina que roda em fogueira
É furacão

guias valentes
no sol do oriente, 
nasce o verso e a canção

brinca de roda, 
a menina aquarela 
pula o fogo no chão

simples afago
entre os astros
que falam com os olhos e comem com as mãos

sono eterno
do rosto sincero
rega o tempo em vão.


terça-feira, 29 de outubro de 2013

Do outro lado do atol ( com Vê Domingos)


Do outro lado do atol
                            (Vê Domingos/Bruno Kohl)

Sei que ali tem peixe no mar
sei que meu sonho é ser pescador
Sei que ali tem remo na mão
O Pedro,o Zé,o Maneca e o João

nas rugas talhadas, no sol a sol
as braças de rede correm na  mão
espinhel e isca
bóia e anzol
Mar dividido em vida no barco e vida no chão

 faça chuva ou faça sol
 pesca viva
 do outro lado do atol
Vai demorando além do normal
maria murmura outra oração
e quando a canoa
aponta no canal
angustia que tinha se vai

e a reza já vira canção...




sábado, 28 de setembro de 2013

Cinzas e Pérolas (Com Alexandre Lemos)



Cinzas e Pérolas
(Alexandre Lemos/Bruno Kohl)

Entendo aos poucos
no tempo que era
quem parte na pressa
quem quer respirar

o som dos mil dias
A tarde de inverno
calou na certeza
que amanhã não virá

Pra contar os sonhos
em lágrimas, rios
recolher numa quarta
cinzas sem carnaval

esquecer os castelos
no mar os delirios
universo dos filhos
em vazio abissal

dorme em mim
toda dor e perdão
areia que cobre meu mar
de dentro da concha
o mar diz que não

O Limbo da Cor (Com François Muleka)



O Limbo da Cor
(François Muleka/ Bruno Kohl)

Em nós
um mero instrumento de corda
e canções de outrora
selando um silêncio suspenso
e assustador

A flor das estradas secretas
e um ponteiro sem horas
Todo ruido contido
em avião sem motor

Em nós
Antiga coxia de um nobre
teatro de vidro
o limbo da cor
serenata sem letra de amor

A soma de todos os medos
Um fim proibido
Múltiplo andar de estrelas
em rio divisor

Por mais
que leve em mim o ouro
de um país inteiro
há mil quilates
e um tiro certeiro
que me abatem
sem dor

Sem ser você (Juca Novaes/ Bruno Kohl)




Sem ser você
( Bruno Kohl)

Esqueça a agenda
Esqueça os recados
A prisão do relógio e esse "não" sufocado

Esqueça o trabalho
e os mil afazeres
O calendário cobrando o afeto dos meses

Desamarra teus laços
Tira essa gravata
do pescoço e pra mim vem vestido de nada

Se a comida esfriar
Não esquenta a toa
Eu só quero um pedaço do que em ti me atordoa

Entrego o melhor de mim na mesa de jantar
Em troca eu te peço um pouco desse olhar
Esqueça o que já tem receita e depois
um beijo sem rotina se arrisca por nós dois

Esqueça os muros e o que se quebra em tua mão
Um pequeno estrago em mim é sua construção.
Deixei um mapa do meu corpo a mercê
Mas para me encontrar
será preciso andar
sem ser você

domingo, 25 de agosto de 2013

Vez (com Luciane Lopes)




Vez
(Bruno Kohl/ Luciane lopes)

Fica combinado um dia azul
entre o teu relógio e o meu retrato
Eu fico com a lonjura dos insanos
Você, com a doçura dos poetas

Fica estipulado os lençóis
ao sol
amarrotados entre os prédios:
pontes varais
paisagem de verão

As pernas descansando na parede
Os pés,
quase alcançando a tua sede
de mim,
lembrança de estação.

Fica anunciado, só pra nós,
barba por fazer e eu dando o troco...
um jeito de trocar de roupa e voz
um dia entardecendo
e que a rotina só exista nessa vez...

Meio Hoje (com Carlos Galdino)



Meio Hoje

(Carlos Galdino/Bruno Kohl)


Hoje estou meio assim
meio sem mim
meio sem tudo

meio mudo
meio tudo,
meio nada

Estou em casa,na estrada
meio ontem
meio hoje

meio cheio
tanto tudo
tanto nada

eu estou meio ligado
desligado e meio
meio seco e inundado
meio o mesmo
mesmo mudado


meio amanha
meio nunca mais
meio ainda que vazio
meio mar
mesmo rio

Eu não queria fazer samba (com Hélio Pequeno)



Eu não queria fazer samba
(Hélio Pequeno/Bruno Kohl)

Eu não queria fazer samba, não
Mas minha vida é cheia de contradição
Quando ela veio deslizando na calçada
No peito o surdo disparou a marcação

Eu não queria fazer samba, não
Mas como posso ignorar meu coração
E no compasso comandando a batucada
Anunciou a vinda de outra paixão

E quando o refrão se fez
O mundo veio pra dançar
O grave no peito me fez sonhar
Gravou no peito , me fez sambar

Eu não queria fazer samba, não
Mas eu confio por demais no violão
Vai convidando a mão direita pra levada
Para afastar de uma vez a solidão

domingo, 4 de agosto de 2013

Acordeon (com Tatiana Cobbett)


Acordeon
(Bruno Kohl/ Tatiana Cobbett)



Tenho andado pelos cantos do tablado
caminhado em cada corda
acordeon
pretas e brancas todas teclas em teclados
ares soprados
inspirados pelo amor

Pra outra forma ou sonhei
a meus cuidados
cada pedaço
de um corpo esculpidor

obra de pedra alquebrantada
o sangue, o sal,a água
faz o mel
batizador

terça-feira, 25 de junho de 2013

PERSONA ( com Sonekka)



PERSONA
(Bruno Kohl/ Sonneka)

Minha vida é um filme
só de fatos irreais
nunca mais quero me ver de braços dados
com a não-ficção.

Minha vida é um livro
com inúmeros finais
nunca mais quero escrito o meu futuro
pelas minhas proprias mãos.

Na comédia do universo
quem será o grande ator?
Quem fará  roteiro inverso
do nunca que imaginou?

Será ele figurante
sua própria criação?
A jornada do heroí
só dói
para quem um dia foi vilão.

Minha vida é a trilha
de incontáveis musicais
nunca mais quero ouvir os meus acordes
no que chamam de canção

Minha vida é um palco
de mil dramas virtuais
nunca mais quero me ver
em versos presos e você
numa unica versão.

quarta-feira, 29 de maio de 2013

Versos de Areia (Com Volnei Varaschin)




Versos de Areia
(Volnei Varaschin/Bruno Kohl )

Fecho as portas
saídas não encontram minhas pernas
as chaves são eternas letras tortas
como se estivesse preso pela pressa
de meus erros,sob o aterro
sob a terra


Fecho os olhos
e a luz que chega cedo incendeia
o milenar esboço toda a areia
choro como se eu perdesse o passo
um cego passatempo
meu espaço

e se um dia for me procurar
e chegar até a mim
saiba que talvez eu possa não estar
não me reconheço tanto assim


E ali vou afundar afogando eu me disperso
É ali todo meu centro,mar adentro me despeço
é ali todo o mundo movediço do meu ego
sob a areia do meu tempo
sob o tempo do meu verso

terça-feira, 28 de maio de 2013

As Vezes o Amor (com Matheus Von Krueger e Luis Kiari)


As vezes o amor
            (Matheus Von Krueger - Luis Kiari - Bruno Kohl )

As vezes o amor
é coisa algo que inunda
Afunda o olhar
seca na chuva
é fundo no que possa revelar
           
As vezes o amor
é o que flutua
Um leve estar
a carne nua
é deixa pro que possa escapar

As vezes o amor
é um tanto de falta
Um eterno momento é
sobra de tempo
           
As vezes o amor é
cem vezes o amor só
As vezes o amor é só
           
            As vezes o amor
            é algo que doa
            é de escolher
            é sem escolha
            é livre pro que possa aceitar

            As vezes o amor
            é pé de calçada
            a flor no asfalto
            a caminhada
            é tempo que se possa realizar

            Se é amor amor
            amor amor é
            e seja o que for
            cem vezes o amor é
            mil vezes o amor só
            as vezes o amor é, só. 

            Mil vezes o amor e só...


UM TUM (com Luis Kiari)







UM TUM
(Luis Kiari-Bruno Kohl)

O peito que já é nunca deixa de ser
Feito comboio ele pulsa um Tum
E espera outro Tum outro peito a lhe entender
Pra não ser mais tão só, e sim, Tum Tum

Ali os olhos dançam e despidos
Vivem na cumplicidade
E a todo o ritmo se dar

Não existe descontrole ou descarrilo
Toda forma de verdade
Será céu a rabiscar
Enrolam enfim as pernas, braços e veias,
Para assim formar as teias
Impossíveis de partir

E mesmo a vida sendo assim tão rara
É o coração que para

Para o amor coexistir

terça-feira, 21 de maio de 2013

MOEDA (com Marcoliva )


Moeda
(Marcoliva/Bruno Kohl )

A minha fala tá muda
A minha muda na mala
A moda mata e transmuta
Transmite fama e descarta
Não tenho carta nem time
Se o filme queima na lata
desata o nó e desiste
Essa moeda tá gasta!
O gosto não se define
o fim é auge da festa
o que nos resta é crime
Bala no meio da testa
O santo tá meio surdo
o absurdo na estante
Estamos vivos mais tempo
torcendo pra morrer antes

Estamos vivos
mais tempo
torcendo
pra morrer antes

         A nata foge do leite
O dente foge da fada
do nada sou imprudente
se dou a mão escondo o tapa
O que escapa é resumo
do suprassumo do certo
ainda não me acostumo
com que consumo e desprezo
Eu rezo depois do sono
Eu como antes da fome
Meu nome hoje é o dono
da grana que me consome
quando compramos formiga
a preço de elefante
Estamos vivos mais tempo
torcendo pra morrer antes

Estamos vivos mais tempo
torcendo pra morrer antes

sábado, 4 de maio de 2013

A Ida e a Volta (com Âma Campos)


A Ida e a Volta
(Bruno Kohl- Âma Campos)


Eu sei que arriscar é traiçoeiro,
Se fingimos ser capazes de enfrentar
O tal passado que de pé e copos erguidos
Brinda a nós e nossos erros, bem na hora do jantar.

Foi desse jeito que o acaso me lembrou
de um sonho e voce fingiu que me escutou
e de um espelho
em algum lugar do quarto
onde escondemos nosso chão

não me incomoda o partir e voltar
se a minha alma estar disposta a te esperar
querer viver com toda força pelos tempos
em infinita redenção

mil vezes quis
que o vento fosse te buscar
Quem sabe o adeus
é um eterno nó a desatar?

E se o amor vier de um anjo distraído
e nos convide de novo para dançar
a cada passo ,a cada queda vou sorrindo
e embalando com as canções que inventei pra te ninar

Foi desse jeito que o acaso me lembrou
de um sonho e voce fingiu que me escutou
e de um espelho
em algum lugar do quarto
onde escondemos nosso chão

não me incomoda o partir e voltar
se a minha alma estar disposta a te esperar
querer viver com toda força pelos tempos
em infinita redenção

mil vezes quis
que o vento fosse te buscar
Quem sabe o adeus
é um eterno nó a desatar?

terça-feira, 9 de abril de 2013

AMORREVÉS (com Âma Campos)


AMORREVÉS
                               (Âma Campos- Bruno Kohl)


Brilha como não luz
           Age como não faz
        Sonha como não quer
        Brinca de não capaz

É o amor         É talvez.
é revés            dor em nós,
outra vez...

        Sono de acordar
Corda pra não subir
Grade pra se livrar
Fome de consumir
       
Cada segundo da vida é uma gota que o tempo pediu pra ser mar

Canta como não jazz
Perde como jamais
Há de não se conter
Sempre que for demais
               

É o amor         É talvez.
é revés            dor em nós,
outra vez...


Chuva que vai secar
Rio que tentou subir
Ilha que vai mover
Céu que tentou fugir
       

“Acho que, às vezes, é até com ajuda do ódio que se tem a uma pessoa que o amor tido a outra aumenta mais forte. Coração cresce de todo lado. Coração vige feito riacho colominhando por entre serras e varjas, matas e campinas. Coração mistura amores. Tudo cabe.”*

Banho sem se molhar
Molhe pra destruir
Astro a desalinhar
Rastro pra não seguir
Verso pra não rimar
Letra pra não vestir
O que a poesia quer despir
Que cada chão
Posto ao meus pés
possa crescer um “amorrevés”

*Guimarães Rosa

terça-feira, 26 de março de 2013

Da Espera (com Calinho Luminoso)

DA ESPERA
                    (Bruno Kohl- Calinho Luminoso)


Saiba
da canção de adeus que a chuva faz lá fora
do verão que no inverno me demora
e devora ao fim de cada pôr-do-sol.

Saiba
da espera que de horas me molduram
dos lampejos de certeza que não duram
o mover que o vento traz ao girassol.

Saiba
que escondi você em todos meus poemas
Na memória só restaram poucas cenas
inventadas para ter do que lembrar.

Saiba
que criei palavras,sons e melodias
para que você caiba em todos os meus dias
e assim meu universo lhe esperar.


sábado, 16 de março de 2013

ALVO ( Com Carlos Bauer)





Alvo
(Carlos Bauer -Bruno Kohl)

Agrada e agride
como fosse
Sagrado pecado
Agridoce

presente em posse
ocupa o espaço em mim

E eu que achava
estar salvo
das tranças,dos laços
ombros alvos

dos verdes olhos
que saltam
em sorriso 
a brilhar
querubim

Veja quanta luz , céu
Veja quanto céu, sol
Veja quanto sol

Suave esboço
alvorada 
alvoroço
alvo
coração


quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Olhos que nunca foram meus (com Carlos Cesar)



Olhos que nunca foram meus
(Bruno Kohl -Carlos Cesar)

Se até agora em meu caminho
Atalhos só serviram pra não te encontrar
vou atrás do mesmo destino
Tudo estava ao meu redor e não quis enxergar

Tentei esconder minha dor 
atrás de uma sensação de adeus
E quis guardar em mim seus olhos
Olhos que nunca foram meus

Nunca foram meus

Se até agora nos meus sonhos
Você não fez questão de comparecer
E não, nem quis entrar no meu jogo
Resta apenas acordar e parar de sofrer

Eu me entreguei a perguntas
que seu olhar não respondeu
E quis guardar em mim seus olhos
Olhos que nunca foram meus

Nunca foram meus

terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

Cristalina (com François Muleka)


Cristalina
    (Bruno Kohl / François Muleka)

Do veio

me veio um longo fio d’agua

é teia de seda molhada

que abrasa amores e lendas

Anseio

sem freio e a madrugada

me vem como gota de lava

e descansa nas linguas e fendas

Ontem saiu

A serpente cristalina

tem os olhos de fera e a menina

deslizava

E meu olho de montanha

com a nascente do amor nas entranhas

me chorava

A serpente cristalina em sua chegança de fera e menina

deslizava

domingo, 10 de fevereiro de 2013

Eterno Abraço (com Alexandre Lemos)


Eterno Abraço
(Bruno Kohl/ Alexandre Lemos)

"Diz" que o mar
recebe o rio com medo
tal qual a um segredo
que não deve se escutar

E "diz" que o rio
entra no mar chorando
por estar se entregando
a um "nunca mais voltar"

não tem como parar
não tem como fugir
é desaparecer
pra logo ressurgir

e a chuva que cai como luva
abençoando a colisão
quem chove junto
é meu coração

e assim o encontro
se dá no embaraço
de um eterno abraço
na foz dessa cidade

e o rio e o mar
que tem mesmos trilhos
descobrem que são filhos
da mesma tempestade

sábado, 2 de fevereiro de 2013

A Cor do Céu (com Carlos Cesar)


A Cor do Céu
(Música: Carlos Cesar/ Letra: Bruno Kohl)

Eu vi você descer a rua e na esquina o desespero
despejando um  olhar entre alegria e afeição
Quase sempre a tristeza nos abate ao que perdemos
e assim um muro é construido com a destreza de um artesão

Unindo os retalhos solitários da certeza
que a beleza é o degrau mais alto da percepção

Ninguem possui a chave do teu coração

-Olha só como pôr-do-sol escolheu um tom vermelho sangue!
Meu amor, será assim a cor do céu?

Eu vi você subir a rua e na espreita o infinito
Desenhando um olhar entre euforia e perfeição
As vezes a razão passa a ser em nós um vício
e o caos aparece como um deus do tempo e  estende a mão

Se a chuva julga quando cai na terra dos teus sonhos
permita que a tempestade venha e tire dessa solidão

Ninguem possui a chave do teu coração

-Olha só como a aurora escolheu um tom de amarelo ouro!
Meu amor, será assim a cor do céu?

Ninguem possui a chave do teu coração

-Olha só  como a noite acolheu o breu dos seus olhos negros!
Meu amor, será assim a cor do céu?

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

Rio Riacho (com Lula Barbosa)



Rio Riacho
        (Música : Lula Barbosa/ Letra :Bruno Kohl )



Rasga toda margem
sem pedir passagem
violento e sujo é o poder em si

redesenha a pedra
desafia a queda
Em um beijo a força quebra a flor em mim

malmequer pra sempre
de facão nos dentes
corta a selva e tenta me livrar do asco

Eu acho que o rio
vive a rir do riacho

a anti-miragem
que se faz mensagem
desmontando o inerte da montanha ao mar

traz ao céu tempero
sabe amar os tempos
refletir os flertes e todo linguajar

passo a eternidade
a buscar verdades
como um fruto novo a cair do cacho

Eu acho que o rio
vive a rir do riacho

quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

Esfinge



ESFINGE

                                     (Bruno Kohl)

  
Olhos negros: desce a luz
Um convite ao abismo
Que me devora e assim decifro:
- Águia  sonha em ser mulher

As asas pairam sobre nós
faz o caos ter seu sentido
Saiba o que sinto e tem meu destino
mundo inteiro aos seus pés

Um sorriso seu
E eu me aprisiono em qualquer espelho
Um sorriso seu
e meus joelhos tocam o chão do céu

sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

Sempre indo (com Alexandre Lemos )



Sempre indo 

(Bruno Kohl /Alexandre Lemos )

Do outro lado da margem
a vida foi sempre assim
O medo a me pedir coragem
pra saber dizer que sim

Eu vivo nessa procura
nas ruas de onde eu vim
E que servem de moldura
para o rio dentro de mim

E quando eu já fui
embora
parece que ainda estou
Quem olha me vê
agora,
pensando que ainda vou

Por isso eu pareço um rio,
nem chegando e nem partindo
Seguindo meu próprio fio,
sempre indo, sempre indo

Parece que vou a esmo
mas sei onde vou chegar
Se nunca sou sempre o mesmo,
é fácil de me encontrar

A chuva de que sou feito
precisa me transbordar
O mundo ia ser perfeito
se você fosse o mar

Sete céus (com Marcoliva)



Sete céus 

                                                                   (Bruno Kohl e Marcoliva)

Quando a água cor de jambo
Sobe no mocambo do meu coração
Toda a esperança esgota, olho em conta-gotas, pinga em meu vulcão

Quando a hora empoçada
Chama a passarada para o alvorecer
Todo sentimento aflora e meu olho chora assim sem querer

Quando desse rio me encharco
Ancoro meu barco nesse em teu atol
Todo amor coadjuva, me seca na chuva e me inunda de sol

Quando o chão da minha rua
Ilumina a lua pra se envaidecer
Todo coração baldio deixa o sofrimento vil pra bendizer e querer
Todo coração varia com certa taquicardia para encontrar o prazer

Para varrer a incerteza em minha casa
Para estancar a lágrima vizinha
Exagero,  extravasas, és sol

Para varrer a tristeza em minha casa
Para estancar a lágrima vizinha
Exagero , extravasas – sois sóis!
...
E me concede a sede pra que o céu desabe
pra que tudo acabe ou possa caber
E me concede a sede pra que o céu desabe
pra que tudo acabe ou 

quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

Todo Cuidado (com Sonekka)




Todo Cuidado
                         (Bruno Kohl/ Sonekka)

Deixa eu cuidar
dos seus laços fracos
da falta de abraços
que vem te assombrar

Deixa eu cuidar
dos beijos roubados
que lábios cansados
pedem pra voltar

Cuido pra você
de lembrar dos sonhos
nesses dias soltos
noites sem dormir

Posso até cuidar
de um pequeno verso
desse andar disperso
que nasceu de ti

Você pode achar
que é questão de sorte
que ficou mais forte
e de que é capaz

Mas é bom saber
por mim ou pelos outros
Todo cuidado é pouco
pra quem amou demais